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Isso é coisa de mulher: Delegada Débora Mafra é exemplo no combate à violência contra as mulheres

A frase “lugar de mulher é onde ela quiser” nunca fez mais sentido! Conhecida em
Manaus pelo combate aos crimes praticados contra as mulheres e por ser uma grande
defensora dos seus direitos, a delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes
Contra a Mulher (DECCM), Débora Cristina Pereira Mafra, concedeu uma entrevista
exclusiva ao portal Amazônia Press nesse Dia internacional das Mulheres, para
compartilhar um pouco da sua trajetória de vida, que é um exemplo de persistência e da
importância de nunca desistir dos seus sonhos.


Ao ser perguntada sobre como é ter todo esse reconhecimento da sociedade
amazonense, principalmente das mulheres, Débora Mafra sempre fala com muito carinho
e gratificação ao ver como as mulheres se sentem representadas e protegidas ao terem
uma personalidade forte como a dela na defesa de seus direitos e da sua liberdade.

“É sempre uma honra tão grande, sempre quis colaborar com a sociedade de alguma
forma. Quando veio esse convite para a Delegacia da Mulher eu não sabia que ia me
identificar tanto com a causa e lutar por essa bandeira. Você vê os rostos tristes todos os
dias das mulheres que sofrem dentro de seus lares, e isso mexe muito comigo. Então, o
que a gente puder fazer utilizando a lei, a gente faz. O reconhecimento dessas mulheres
é um agrado, um carinho e um incentivo para que eu continue lutando mais e mais por todas essas mulheres.

Completou ainda: “Ser inspiração para muitas é uma gratificação tão grande que eu me
sinto pequena demais. Mas o bom é que tem pessoas que estão querendo entrar nessa
Luta porque eu estou nela. Isso também me inspira a continuar para que outras mulheres
me tenham como exemplo e queiram seguir a carreira tanto de delegada, quanto na luta
e combate à violência doméstica”, declarou.


Trajetória
Há 30 anos na capital amazonense, Débora Mafra é natural da cidade de Osasco, no
estado de São Paulo (SP). Em 2019, a delegada recebeu o título de Cidadã do
Amazonas, durante Sessão Especial na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), em
reconhecimento aos relevantes serviços prestados no combate à violência doméstica e
familiar contra as mulheres.

“Fiquei muito feliz quando fui reconhecida principalmente como filha do Amazonas, eu
me sinto amazonense, casei com um amazonense, criei meus filhos no Amazonas. Foi
um presente muito grande. Já me sentia amazonense, só foi uma adoção legalizada e
demonstrada ali na Assembleia Legislativa. Agradeço muito por esse título, porque eu
sempre lutei e sempre vou lutar por nós, mulheres do Amazonas. Eu vivo aqui, aqui é
minha terra e é o meu lugar. Para mim foi muito gratificante, se tive algum presente
maior que esse eu não me lembro”, declarou.


Com 30 anos, Débora resolveu dar inicio à faculdade de direito. Quando concluiu,
ingressou na Polícia Civil do Amazonas por meio de concurso público realizado no ano de
2001 para o cargo de escrivã de Polícia, função que exerceu até prestar novamente
concurso público para a instituição, em 2009, quando foi aprovada em segundo lugar
para o cargo de delegada de Polícia Civil. Ao longo da carreira policial, como escrivã,
Débora Mafra foi lotada no 1°, 3°, 4° e 8° Distritos Integrados de Polícia (DIPs), na SSPAM e na extinta Delegacia de Combate a Galeras.


A delegada já atuou como adjunta da Delegacia Especializada em Homicídios e
Sequestros (DEHS) e titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher –
Anexo (DECCM-Anexo), no bairro Cidade de Deus, zona norte de Manaus. Em outubro de
2017, a delegada passou a responder pela titularidade da DECCM, no bairro Parque Dez
de Novembro, zona centro-sul da capital.


Ensinando desde cedo
A influência de Débora Mafra na sociedade iniciou bem cedo. Dos 17 aos 22 anos, Mafra
se tornou professora de uma escola da rede particular em Sorocaba (SP). No período foi
professora do primário e sempre fala de seu período de magistério com muito carinho,
no qual descreve como uma das experiências mais incríveis que já viveu. Mas ressalta que não pensa mais em ministrar aulas.

“Foram cinco anos de magistério. Realmente foi uma experiência incrível trabalhar com
crianças vendo o futuro delas. Ali como professora, comecei a sentir o que os
professores sentem e é muito bom você doar o que você tem dentro de si. Você ter
paciência, amor por essas crianças e saber que você está ajudando o futuro do Brasil.
Quando você é professor você faz isso, doa o que tem para o futuro do Brasil. Todos os
valores, conceitos e princípios que um professor passa para uma criança, nunca mais ele
se esquece. Atualmente não penso mais em dar aulas, meu ministério agora é trabalhar
como delegada de polícia, a frente da Delegacia da Mulher, combatendo violência
doméstica. Ministrar aulas foi algo do passado, mas uma experiência maravilhosa me
trouxe grandes benefícios, quando você ministra aulas você também aprende muito”,
pontuou.



Além da força, persistência e determinação, se tem uma característica que define a
delegada Débora Mafra é a fé. Acreditando que Deus está na frente de tudo, Mafra
ressalta que isso a faz cada dia mais forte e pontua que o seu espírito otimista se dá por
conta da sua fé.
“Eu tenho uma fé tão grande, grande mesmo, em Deus, em Jesus e realmente isso me
faz ser mais forte porque eu acredito que Deus está na frente de todos as batalhas, é Ele
que abre todas as portas, Ele que comanda, Ele que está no controle. Isso me faz ser
uma pessoas muito otimista, que me convive sabe que sou muito alegre, muito otimista,
por mais que estejamos às vezes enfrentando algum problema, sempre acho que vai dar
tudo certo. Eu confio muito e tenho certeza que a minha fé representa muito do que eu
sou. Deus sempre em tudo, Jesus sempre na minha frente. Tudo que vou fazer eu oro
muito, peço a Deus discernimento e sabedoria, que ele sempre vai abrindo as portas”.


Família
Estudando para o concurso de delegada, Débora Mafra encontrou o seu grande amor e
esposo, o também delegado Jander Mafra. Na época, Jander era investigador da polícia e
estudava para o concurso de delegado, Débora atuava como escrivã e também estudava
para conseguir algum cargo na área jurídica, principalmente de delegada de polícia.
Como não estava indo muito bem, Jander resolveu ajudá-la e ali começou uma amizade
que logo evoluiu para um casamento.


“Estava fazendo diversos concursos públicos, mas não estava indo muito bem. Até que
indicaram para mim o professor Jander Mafra, que na época era investigador de polícia,
mas eu não o conhecia. Ele ligou para mim e falou que não estava dando mais aulas,
disse que também estava estudando para delegado de polícia e era finalista no curso de
direito, mas ressaltou que iria verificar como eu estava no português e qualquer coisa
estaria disponível para ajudar. Nós nos encontramos e daquele encontro, começou uma
nova amizade, decidimos estudar juntos, essa amizade virou amor, namoro e
casamento. Foi uma alegria tão grande isso para mim e, além de tudo, a profissão
também me trouxe um grande amor”.

Mãe de Henrique e Paula, Débora não poupa palavras ao descrever o orgulho que sente
da família que construiu e o quanto a ama. Ressalta ainda que por ter descendência e
cidadania italiana se identifica muito com a figura familiar local, que sempre enxerga a
mãe como matriarca e sempre coloca a família em primeiro lugar.
“Família é uma característica muito grande na minha vida, sou muito família. Os italianos
são sempre muito família, sou aquela mãezona que sempre vive em família”, ressaltou.
Além disso, Débora não disfarçou a felicidade ao anunciar que será avó pela primeira
vez. “Serei avó de um menininho chamado Paulo César, minha filha Paula está grávida.
Eu estou tão feliz por isso, já estou me sentindo aquela ‘vózona’!”.


Saúde
Em julho e setembro de 2020, um pouco antes do período eleitoral, Mafra foi internada
às pressas com quadro infeccioso, no Hospital Adventista de Manaus (HAM), no Distrito
Industrial, zona Leste de Manaus. Segundo Débora, nem os próprios médicos sabiam o
que estava acontecendo no início, até que perceberam que era uma bactéria.
“Em julho, fui internada por conta de uma bactéria que adquiri. Foi muito forte
realmente até que conseguimos tratar. Em setembro, a mesma bactéria retornou porque
ela não tinha morrido. Fiz um tratamento intensivo, até que ela foi embora de vez”.
Atualmente, Débora está em São Paulo para tratamento de um aneurisma no coração e
ressalta que sua saúde é a prioridade no momento e só depois de seu tratamento
pretende tratar de assuntos políticos. Conforme a delegada, quando foi diagnosticada
com Covid-19 descobriu um mal congênito nas artérias do coração e, com isso, nasceu
um aneurisma. No ano passado, passou por uma cirurgia em Manaus no qual foram
colocadas três próteses. Uma das próteses se deslocou e retornou o aneurisma.

“Todas as minhas artérias do coração são do lado contrário e, com isso, nasceu o
aneurisma. Fiz a cirurgia para a colocação de três próteses e uma delas se deslocou,
resultando no retorno do aneurisma. Recorri à São Paulo para ver o que pode ser feito
de uma maneira mais definitiva, para que não volte mais esse aneurisma”, relatou.


Política
Em 2020, Mafra se desvinculou da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher
(DECCM) para concorrer à uma cadeira na Câmara Municipal de Manaus (CMM) nas
eleições pelo Partido Social Cristão (PSC), logo assumiu a presidência do diretório
voltado para as mulheres no partido, o PSC Mulher.

“Foi uma experiência muito interessante. Eu nunca pensei em entrar para a política, já
havia recebido muitos convites e um deles eu aceitei. Entrei para a política e conheci
tantas pessoas, com tantos objetivos e tantos sonhos diferentes daquilo que eu trabalho.
A gente começa a ter contato com o povo, vendo o cidadão como ele é, vendo os
reflexos que a política tem na vida dessas pessoas e isso me fez muito bem. Consegui
4.331 votos, sou segunda suplente e foi uma campanha incrível. Meu grupo era de umas
6 pessoas que acreditaram na minha ideia e estiveram ao meu lado. O importante é que
tive uma votação expressiva, não consegui colocação e voltei para a delegacia, que é o
local que eu sempre amei estar. Mas valeu a pena”, disse.

Após a experiência inicial na política, Débora Mafra ressalta ainda que pretende
concorrer ao cargo de deputada federal, pelo Amazonas, no pleito-geral de 2022.

“A deputada federal consegue mudar as leis, consegue fazer projetos e leis que visam a
melhoria do ser humano, principalmente nós mulheres. Eu vou tentar essa vaga, se a
população do Amazonas achar que eu posso ir representá-los irei com o maior amor e
dedicação que eu possa ter. Quando falamos em deputado federal e em parlamento
federal, nós falamos em mudanças. Mudanças que mudam realmente a vida da gente e
eu quero mudar para melhor. Como delegada de polícia, eu vejo muitas leis que
realmente precisam ser modificadas, alteradas ou então inclusas para que o nosso país
seja muito melhor, É isso que eu pretendo”.


Por fim, a delegada compartilhou uma palavra de incentivo com aquela mulher que ainda
não tem uma certa coragem para seguir os seus sonhos e que precisam de um estímulo
para correr atrás dos seus objetivos. “Creia em Deus e corra atrás. Seja sempre a
protagonista da sua história de sucesso, seja o exemplo para os seus filhos, a executora
do seus projetos. Isso é o que sempre aconselho, nunca seja a coadjuvante de uma
história de fracasso e de violência. Você é capaz! Fácil não é, mas vale a pena. Eu posso
falar como vale a pena a gente dar a volta por cima. Eu entrei na faculdade aos 30 anos
de idade e passei em um concurso público após os 30. Fácil não é, basta a gente querer.
Minha vida é um exemplo e eu quero que a de todas as mulheres também seja finalizou.

Fonte: Amazônia Press

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