Chuva provoca enchente no Amazonas e Rio Negro pode ter maior cheia da história
A presença de diversas áreas de instabilidade na Região Norte tem provocado chuva com grande volume desde o início deste ano. O Serviço Geológico do Brasil informou que o resultado foi o transbordamento da bacia do Rio Amazonas em dois pontos: no Rio Negro em Manaus e no Rio Solimões, em Manacapuru, na região metropolitana da capital do Amazonas.
O Rio Negro está 27,6 metros acima do nível do mar e 11 metros além da mesma data registrada no ano passado. A previsão de transbordamento do leito do rio é de 27,5 metros e o de inundação severa de 29m. Mas, segundo o Serviço Geológico do Brasil, a marca este ano pode ultrapassar os 30,5m.
Ainda conforme o primeiro alerta de cheia emitido pelo Serviço Geológico do Brasil, em 31 de março, há uma probabilidade de ser registrada em 2021, uma das cinco maiores cheias da capital, ultrapassando a cota de 29 metros do nível do rio Negro. Com isso, pelo menos 15 bairros e 5 mil famílias estão sendo monitoradas prefeitura de Manaus.
Em Manacapuru, que ja sente os reflexos da cheia, o Rio Solimões está 18,5 m de profundidade, já ultrapassando os 18,2 m de transbordamento. A inundação severa é de 19,6m.
A previsão da Climatempo é de que os amazonenses tenham ainda mais chuva nos próximos dias. A chuvarada deve provocar novos pontos de transbordamento até o fim se semana, como já ocorreu nas bacias do Rio Madeira e Acre, que apresentaram transbordamentos e fizeram com que diversos moradores deixassem as suas suas casas.
Ajuda humanitária
O governo do Amazonas tem se mobilizado diante da enchente no interior do estado. Nesta quinta-feira (8), o governador Wilson Lima viajou para os municípios de Juruá e Carauari, na calha do Rio Juruá para avaliar a situação.
Nesta sexta-feira, ele estará nos municípios de Tapauá, Canutama e Lábrea, na calha do Rio Purus.
Segundo a Defesa Civil do Estado, a cheia afeta 4.257 pessoas — 1.064 famílias. Para o município foram destinadas 1,1mil cestas básicas, 2 mil telhas de cinco, 500 botijas de gás de 13 quilos e 3 mil litros de gasolina. A ajuda humanitária, em Juruá, começou a ser distribuída na comunidade Boca do Bacuri, na Zona Rural.
“Hoje, nós estamos trazendo produtos que são essenciais nesse momento. Essa população que mora às margens do rio ficou esquecida pelo poder público. Nós temos a oportunidade de trazer o governo para mais perto dessas pessoas. É a primeira vez que o Estado chega nesta comunidade”, disse o governador.
José Nunes Araújo, de 65 anos, é morador da comunidade Boca do Bacuri, onde vivem 30 famílias. Para ele, a ajuda veio em boa hora. É a primeira vez que um governador visita a localidade.
“Eu agradeço muito pela visita, ficamos muito alegres, satisfeitos. Nós estávamos no sufoco, não sabíamos para onde ir, pra onde correr, no momento em que ela (a ajuda) chegou, chegou na hora boa”, disse.
No município, o governador também acompanhou a vacinação contra a Covid-19. Ele tem apelado aos prefeitos para não suspender a campanha de imunização. Juruá já vacinou 45,4% do público-alvo da vacinação com a primeira dose e 14,1% com a segunda dose.
Em Carauari, 2.498 pessoas foram afetadas pela subida do rio. São 625 o número total de famílias atingidas, de acordo com a Defesa Civil. Para o município, o Estado está destinando 2,3 mil cestas básicas e 550 botijas de gás de 8kg.
As calhas do Juruá e Purus são as mais afetadas pela cheia neste momento. Em fevereiro, o governador Wilson Lima e servidores de diversos órgãos do Estado, nos dias 26 e 27, realizaram a primeira etapa da “Operação Enchente 2021” em Eirunepé, Envira e Guajará, na calha do Juruá, e Boca do Acre e Pauini na calha do Purus.
Manaus constrói pontes e passarelas
Em Manaus, a prefeitura iniciou a construção de aproximadamente 500 metros de ponte no bairro Mauazinho, Zona Leste de Manaus, às margens do Rio Solimões.
Como já é tradição nessa época do ano, o município constrói passarelas nos bairros cortados por igarapés, braços do Rio Negro, que costumam transformar ruas em rios nesse período.
A Casa Militar e a Defesa Civil municipal se revezam no mapeamento das áreas mais alagadas, limpezas dos igarapés e a construção de pontes e passarelas, para diminuir os impactos causados à população no período da cheia.
Bairros
De acordo com o levantamento realizado pela prefeitura de Manaus, na região urbana os bairros atingidos pela cheia de 2021 devem ser: Tarumã; Mauazinho; São Jorge; Educandos; Raiz; Betânia; Presidente Vargas; Colônia Antônio Aleixo; Aparecida; Centro; Santo Antônio; Cachoeirinha; Glória; Compensa e Puraquequara.
Na região rural ribeirinha, a Defesa Civil vai monitorar as comunidades Nova Canaã do Aruau; São Francisco do Aruau; Lindo Amanhecer; São Sebastião do Cuieiras; São Francisco do Chita; Bela Vista do Jaraqui; Nova Jerusalém do Minpidiau; São Sebastião do Tarumã-Mirim; Agrovilla; Cueiras do Tarumã-Açu; Nova Esperança do Apuau; Santa Isabel do Apuau; Nova Aliança do Apuau; União e Progresso; São Francisco do Tabocal; São Raimundo e o assentamento Nazaré.